quarta-feira, 1 de abril de 2009

Um Grande balé em progressão

Pela segunda vez falarei sobre balé aqui. E isso que o blog só está começando! Aliás, é tão curioso falar sobre uma arte que eu tive tão pouco contato, mas, que ainda assim me encanta. E não era pra menos: a apresentação "In Progress" é da escola Bolshoi do Brasil, no Cine Teatro Ópera em 29 de março.

O Bolshoi - "grande", em russo - foi fundado em Moscou em 1776. Uma tradição de mais de duzentos anos, que, não apenas ensina e aprimora o balé, mas forma cidadãos especializados numa cultura milenar. 

Antes da apresentação do "In Progress", assistimos um vídeo (relativamente mais longo do que eu gostaria/esperava) sobre como é a vida na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil. Pra quem não sabe, a cidade de Joinville/SC foi a primeira cidade do mundo a receber uma filial do tradicional ballet russo. Isso em 2000. O intuito da filial brasileira é seguir o mesmo funcionamento da matriz. São ministradas aulas de dança, cultura, história da arte, instrumentos musicais, entre outros. Pelos depoimentos, dá para notar a importância da escola na vida dos diversos alunos, oriundos de vários cantos do Brasil e apaixonados pela arte da dança. São necessários 8 anos para se formar no Bolshoi, com aulas diárias e longas. Mas o esforço vale a pena?

A ver pelo "In Progress", sim. Na crítica anterior comentei do balé de repertório: aquele que conta uma historinha através das danças. "In Progress" é diferente. São retirados diversos atos de peças famosas para mostrar um pouco da evolução da bailado e das diferentes técnicas aprendidas no Bolshoi. Do clássico ao contemporâneo, diversos são os estilos apresentados no espetáculo.













Pas de Deux "O Corsário" com Deise Mendonça e Fellipe Camarotto, e coreografia de M. Petipa

No primeiro Ato do espetáculo desfilam trechos de "Chopiniana", "A Esmeralda", "Don Quixote", "O Quebra Nozes", entre outros. O que mais me chamou a atenção foi o pas de deux* (ahá! aprendi um termo!) "Chamas de Paris". Executado por Bruna Felício e Bruno Miranda, a coreografia parecia (a meu ver) bastante complexa e lindíssima. Completada por um figurino perfeito.

Também me surpreendi com Rafaela Fernandes, que se dobrou ao meio (pra trás!) no lindíssimo flamenco (isso?) de "Dança Mercedes". Foi uma apresentação rapidíssima, assim como "Esmeralda", dançada (e 'pandeirada') por Ariadne Okuyama. Mas, em apresentação isolada, ninguém bate o vigor de Cosme Gregory, que participou de três danças em "In Progress", sendo duas delas sozinho. Incrível e belíssimo.

Porém, a parte mais emocionante estava no pas de deux "O Corsário", já no segundo ato. A apresentação começou estranha. Logo no início eu notei uma leve desequilibrada da dançarina (Deise Mendonça). Ela e seu parceiro (Fellipe Camarotto) pareciam não estar em sintonia. Ainda bem que isso foi só no começo. Depois de várias entradas e saídas, eles fizeram o espetáculo mais lindo. Os movimentos mais viscerais e impactantes. E tomaram todo o teatro Ópera de surpresa. Não foi à toa que foram os únicos aplaudidos de pé ao fim de sua apresentação.













Última dança: "Work in Progress", com coreografia de H. Talmah

A maioria das danças do "In Progress" era clássica. Sobrou espaço para umas duas ou três danças regionais, e três danças contemporâneas. O fim de cada ato terminava com um espetáculo que parecia totalmente diferente do que estava sendo apresentado até então. Mudava-se trilha - entrava algo mais tenso e sombrio. Mudava-se a iluminação - mais escura. Tanto que uma das músicas era de autoria de Phillip Glass, responsável pelas trilhas da trilogia Qatsi (que conta a história da evolução do próprio homem). A dança contemporânea parecia mais dramática e mais dura. Contava com a participação de boa parte do elenco em sua execução. 

A única reclamação foi do custo. Para uma escola que se diz sem fins lucrativos, o preço de R$ 40 (com meia para estudantes) me parece um pouco salgado. Ainda assim, vale cada centavo investido. E foi bonito de ver o Ópera praticamente lotado (e isso que assisti no segundo, e último, dia de apresentação).














Fim do primeiro Ato. Philip Glass toca em Elixir, coreografada por P. Trehet

* Pas de Deux: coreografia composta por um bailarino e uma bailarina

Um comentário:

  1. Ola!
    Fiquei bem feliz com seu comentario da apresentação mesmo depois de tanto tempo que aconteceu.
    Eu sou Fellipe Camarotto e quando digitei no google apareceu essa critica e o que apareceu em destaque foi a parte "A apresentação começou estranha. Logo no início eu notei uma leve desequilibrada da dançarina (Deise Mendonça). Ela e seu parceiro (Fellipe Camarotto) pareciam não estar em sintonia".
    Eu poderia ter deixado passar e ficado com essa impressão. Ainda bem que eu li, porque adorei.

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